GLOBALIZAÇÃO - NG2 - DR4


A globalização, enquanto fenómeno, não é uma realidade recente. De facto, a humanidade, desde os tempos mais remotos, procurou alargar o seu mundo circundante. Foi assim que, desde África, berço da humanidade, o homem foi aumentando o seu horizonte perceptivo, povoando a terra e estendendo-se pelo continente europeu, asiático, americano e australiano. Foi, em diáspora, à procura da terra prometida, da terra mais favorável à sua satisfação na luta pela existência, que determinados povos, conquistando outros, construíram grandes impérios. O Mundo Antigo conheceu, entre outros, o egípcio, o sumério, o fenício, o grego, o persa e o romano. Este último, tendo o Mar Mediterrâneo como meio de comunicação privilegiado, com as suas galés uniram os pontos mais longínquos do seu império.
No séc. XVI, portugueses e espanhóis, compreendendo igualmente a importância do mar enquanto meio de união, lograram, com as suas empresas ultramarinas, unir os cinco continentes. E com essa união permitiram o primeiro grande momento histórico da humanidade: a transformação do mundo numa pequena «aldeia global». Eis, aqui, a importância que comummente atribuímos a personagens históricas como Vasco da Gama, Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral.
Num mundo assim globalizado pela expansão ultramarina, a revolução industrial (séc. XVIII) e a revolução tecnológica (séc. XX), permitiram acelerar aquele fenómeno com o encurtamento temporal das distâncias que medeiam os cinco continentes. Foi assim que velha caravela portuguesa deu origem ao barco a vapor e ao avião, e as cartas ao telegrama e ao e-mail.
Com os novos meios de transporte e com as novas tecnologias de informação e comunicação, os povos conseguiram estreitar cada vez mais as suas relações, de tal forma que a distância espacial é quase totalmente minimizada pelo encurtamento temporal. Tal fenómeno presente culturalmente no cinema e no teatro, socialmente na televisão, nos jornais e nas revistas, e tecnologicamente no computador e na Internet, trouxeram-nos imensas vantagens. Mas também muitas desvantagens.
Certamente que no retrocesso às sociedades fechadas das primeiras décadas do séc. XX poder-se-ia evitar muitas das desvantagens da globalização, mas essa não seria uma verdadeira solução para os problemas do terrorismo, do fundamentalismo religioso, das redes de pedofilia ou tantos outros anátemas que mancham a sociedade actual. E não seria, porque, ainda que fosse possível esse retrocesso, os problemas continuariam a existir reduzidos a uma escala nacional. Por isso, só no futuro reside a solução. E este futuro deve ser construído no compromisso de todos os agentes co-implicados, cidadãos e políticos, na defesa da paz, do respeito e da tolerância mundial.
A partir dos dois filmes que lhe propomos, bem como este breve texto, reflicta sobre a temática.

Emanuel Santos


Ao maior dos poetas portugueses, não podemos deixar de fazer um merecido tributo. Pois, nos seus "Lusíadas", ao narrar a vida do povo lusitano, fê-lo pioneiro da época moderna, das relações sócio-económicas e político-culturais elevadas à escala mundial, da época da globalização. Eis como dá início à obra mencionada:

As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Lusíadas, Canto I, Estrofe I,
Luís Vaz de Camões

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