
Qualquer sociedade está estruturada por um conjunto significativo de instituições. De entre as mais importantes poder-se-iam destacar: a GNR, a PSP, as câmaras municipais, as juntas de freguesia, as escolas, os postos médicos, os bombeiros, a segurança social e as finanças, entre outras.
Cada instituição supõe um modelo de organização, que se configura a partir dos seus princípios e finalidades próprias. Este modelo varia tanto sincrónica como diacronicamente: sincronicamente na relação que uma determinada instituição mantém com outras instituições congéneres e diacronicamente ao longo da existência de uma mesma instituição.
Se sincronicamente nos são facilmente perceptíveis as diferenças que subjazem aos modelos institucionais que presidem à organização interna de uma câmara municipal relativamente à de uma corporação de bombeiros, diacronicamente essa percepção pode tornar-se um pouco mais difícil de vislumbrar.
Tomemos, a título de exemplo, a escola. Parece uma verdade incontornável que esta instituição sofreu ao longo dos tempos várias transformações no seu modelo de organização. Da escola dos nossos pais à escola dos nossos filhos surgiram mudanças tão significativas, que dificilmente passarão desapercebidas do comum da população portuguesa.
Para a percepção deste quadro evolutivo poder-se-ia considerar o 25 de Abril de 74. Se no passado vigorava uma pedagogia autoritária, alicerçada sobre a figura do professor déspota, no presente procurou-se adoptar uma pedagogia mais flexível, capaz de respeitar a figura do aluno. Se no passado o ensino favorecia a ideologia do Estado Novo, estruturada a partir das noções de estado, religião e família; agora, abandonando esse pendor, aceita o ideal das luzes como princípio norteador por excelência. E se no passado o professor era considerado como um templo de saber, agora adquire o papel de mediador, com vista a estabelecer a relação aluno-saber como eixo principal das aprendizagens.
Emanuel Santos
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